quinta-feira, 23 de julho de 2009

Duse querida...

Espero que essa cartinha lhe encontre numa "muito boa". E você sabe baseado em quê estou dizendo isso, não sabe?

Há muito quero te encontrar, telefonar, escrever e-mail, mandar sinais fumaça, qualquer coisa pra "te sintonizar", como diriam os Titãs. Só pra matar as saudades e falar sobre a participação genial que você fez no Elvis'e'Madona.

É tão danada de boa que quase me trouxe um problemão: a gargalhada geral das platéias encobria os diálogos seguintes e ninguém escutava o que os outros personagens diziam. Mas não se preocupe porque isso eu resolvi na montagem. E já que sou homem de matar a cobra e mostrar o pau, também quero que você assista o filme, que é pra não ficar achando que estou de bajulação barata.

Uma vez João Gilberto Noll me disse: "Minha obra não é autobiográfica, mas também não veio do nada". Digo isso porque preciso lhe confessar outra coisa: a Vovó Jura que você interpretou é, na verdade, a minha Vovó Rosa. (...) Pronto, falei!
Talvez por isso eu tenha ficado um pouco frustrado quando você apareceu no set para filmar - acho até que você percebeu meu grilo. Eu pensei: "Minha avó era uma anciã! Como é que a Duse me aparece toda gatinha e serelepe?!" Lembra do corre-corre? Bota maquiagem, bota peruca, tira peruca. Xi, o diretor não gostou... Ufa.

Meu problema é que eu não queria dar bandeira, mas, muito cá entre nós, eu estava buscando lá no fundo da alma uma forma de homenagear a minha vózinha do coração. E, graças a você, querida, conseguimos. Não acredita? Olha ela aí.

Levou susto?! Eu também levei. Mas, psiu, tá bom? Quase ninguém sabe disso, só a Mariana, minha irmã Juliette e meu cunhado italiano, o Lucca.




Ah, só pra terminar, prometo que ainda este ano vou escrever o roteiro de "Virginia e as Virginetes". Virgínia Lane vai adorar a idéia e vamos arrasar com nossa trupe de estrelas "decadentes" viajando pelo Brasil dos anos 60. Sei que eu já disse isso antes, mas você sabe como são os roteiros, não sabe? São eles que escrevem a gente.

Beijos, minha linda. E fique com Deus.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Socorro! Pega o ladrão!!!

Usuários do Gmail, atenção! Cada mensagem que você escreve é lida por alguém real ou virtual interessado em saber tudo sobre você. Suas mensagens são literalmente bisbilhotadas.

Como descobri isso? Recebi um e-mail de Thomaz Favaro, repórter da Veja, que me contactou por conta de um filme que fiz com Mariza Leão no Rio Amazonas. Ele me encontrou - não sei como, visto que sou fiel usuário da pequena grande Visualnet - por intermédio de uma conta do Gmail que pouco uso.

Começamos a conversar por mensagens eletrônicas e passei algumas informações sobre Manaus, Belém, Santarém, Breves e outras cidades amazônicas. De repente, para meu espanto, vejo na página do Gmail a seguinte publicidade: "PASSAGENS TAM PARA BELÉM...". Como assim?! Tem alguém escutando minhas conversas??!!



Então, só de brincadeira, comecei a enviar mensagens, primeiro para Mariana e depois para mim mesmo, com os temas mais bizarros e esdrúxulos. E a publicidade continuava positiva e operante.

Eu escrevi perfume. Ela, a máquina, respondeu "Perfumes Importados - www.levataperfumes.com.br."
Escrevi Ranato Gaúcho, a resposta foi "Camisas do Flu R$ 69,90."
Para sexo, "Quer uma namorada?"
Por aí foi e continuaria ad eternum se eu quisesse. Confesso que achei a brincadeira divertida. Experimentem.



Mas, falando sério, tudo que escrevemos é lido, interpretado e retorna em forma de uma propaganda qualquer, de um produto que tenha relação com o conteúdo de nossas mensagens. Com que direito? Nossas mensagens não são particulares? Uma carta eletrônica não tem o mesmo sigilo de uma carta convencional?

Não sei, não, mas acho que tem um ovo de serpente por trás disso tudo. Esse é trabalho (trabalho?) de um robô que sabemos estar ali. E os outros robôs invisíveis que estão a fuçar nossas confidências? Imaginem então para quantos propósitos essas interpretações podem ser utilizadas.

Há muitos anos sou usuário da Visualnet, do meu grande amigo Renato Padovani. Para quem não sabe, a Visualnet é um dos primeiros provedores de acesso do Rio de Janeiro, que começou pequeno e com grande potencial de crescimento, no melhor estilo visionário e futurista do Padova. Mas então surgiram os tubarões que começaram a invadir nossa praia: primeiro UOL, Terra, AOL e outros; depois os gratuitos BOL, Yahoo, Gmail, etc. Hoje, a querida Visualnet continua de pé, porém se equilibrando pra não cair. Contudo, mais do que nunca, é preciso que exista os pequenos nessa terra de gigantes.

sábado, 18 de julho de 2009

Capô e a Geração Youtube

O post anterior, "Não peçam de graça...", gerou um interessante debate nas listas de internet das quais participo. O assunto se desdobrou e estávamos a discutir o financiamento do cinema pelas dicotomias comercial versus arte e público versus privado. De repente, o aluno, digo, ex-aluno já formado de uma faculdade de cinema afirma perguntando: "O governo deve incentivar filmes que rendam bilheteria (e que de alguma forma contribuem para algum fluxo de produção) e que são criticados pelos pseudos-intelectuais que odeiam filmes comerciais, ou apenas dar dinheiro (1 milhão!!! 1 milhão!!!) pro Maurice Capovila jogar fora em seu filme que não deve ter tido nem 50 mil espectadores com a prerrogativa de ser um filme de arte?"

"Opa!", exclamei, "o que você sabe sobre Maurice Capovilla?". Um outro rapaz correu ao Google, encontrou o Filme B, copiou a biografia editada do Capô e colou numa mensagem de resposta. Pronto, agora todo mundo sabe quem é Maurice Capovilla. Ver seus filmes, pra quê? Ler seus escritos não carece. Tomar uma cachacinha com ele? Nem pensar.

O primeiro rapaz retornou: "O que eu sei de Maurice Capovila?! Que ele fez o filme 'Harmadda' com 1 milhão de reais, dado fornecido por ele mesmo em um debate com estudantes da Estácio. Filme este sem preocupação comercial nenhuma, e que se acharmos os dados de sua exibição (se é que o produto chegou a ser exibido), verá que a sua falta de interesse comercial do diretor torna o produto uma aberração em números incentivados e retornados."

Bem, pelo menos esse rapaz tem opinião e isso eu respeito. Mas não consigo entender como, guardadas as exceções, uma geração inteira terá sua formação crítica tanto de cinema quanto de vida por intermédio de myspaces e youtubes!? Principalmente porque sabemos que qualquer um poderá entrar nas wikipédias do cyber-universo e escrever um parágrafo como esse no verbete Maurice Capovilla.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Não peçam de graça a única coisa que tenho para vender.

Hoje recebi um e-mail da FAC. Tomei um susto. (*)
O assunto era Projeto Curta. Fiquei curioso.
A primeira frase era: "Nós do cinema FAC estamos com um projeto que visa a exibição de curtas antes das sessões normais."
Quase caí da cadeira.

Li atento e descobri que FAC no caso era a Fundação Assisense de Cultura, ligada à Secretaria de Cultura do município de Assis, na Rua Brasil. Não, o assinante não se chama Giba. (Um abraço ao meu amigo Giba Assis Brasil.)

Transcrevo a íntegra:
"Nós do cinema FAC estamos com um projeto que visa a exibição de curtas antes das sessões normais. Gostaríamos de saber qual a disponibilidade o curta Fúria para exibição. O Cinema FAC é situado na cidade de Assis e conta com cerca de 630 lugares."

Respondi:
"Primeiro, parabéns pela iniciativa. Não sei se você sabe, mas existe uma lei que obriga a exibição de curtas antes dos longas, e eu sou um dos maiores defensores da aplicação desta lei. Então, coloco meus curtas à sua disposição."

Veio a tréplica:
"Fico feliz que tenha gostado do projeto.Então, para a exibição temos o projetor de 35mm, porém estamos passando os curtas em DVD, pois temos só um projetor.O que eu precisaria que vc fizesse pra mim é o seguinte. Me encaminha-se junto ao DVD um termo de exibição do Fúria, constando nome, CPF e RG. Estamos com esse projeto no intuito de divulgar e fomentar a exibição dos curtas, assim sendo faríamos uma troca. Nós exibiremos os curtas e não teríamos custo sobre ele."

Fico pensando: o sujeito ganha um salário mensal e o chefe dele também. O secretário de cultura de Assis ganha seu salário e o prefeito também. O cinema da FAC cobra ingresso e a maioria dos filmes é de Hollywood (leia o blog com a programação da FAC). Por que cargas d'água seria eu o único a não receber um centavo pelo meu trabalho e, pior, terei de pagar por isso?!

Então faço minha a frase dita por Cacilda Becker.

(*) FAC é a sigla do Fórum do Audiovisual e do Cinema, uma associação surgida em 2004 de uma divisão do Congresso Brasileiro de Cinema, formada por setores do "cinemão" (grandes produtores, exibidores e distribuidores estrangeiros), contrários à criação da ANCINAV.

domingo, 12 de julho de 2009

Meu nome não é Joni. Meu nome é Biajoni!

Dois anos atrás, eu queria escrever um roteiro erótico. Mas a imaginação não funcionava. Acendi uma vela pra são google e apareceu um livro digital, Sexo Anal - Uma Novela Marrom, de um tal Luiz Biajoni. "Oba!", pensei, "deve ser no mínimo interessante". Baixei o livro e li de uma sentada só. Foi um gota de frustração e uma dose avantajada de prazer.

A frustração ficou por conta de que o erotismo é apenas 3,78% do romance. O prazer veio dos outros 96,22% de excelente literatura. Nem me atrevo a comentar ou fazer resenhas pois estou lendo O Culto do Amador, de Andrew Kleen, e isto está reforçando meus conceitos sobre a internet.

Mas o fato é que fiquei amigo virtual de Biajoni e ele está romanceando Elvis'e'Madona. Este fim de semana ele veio ao Rio e nos encontramos pela primeira vez em carne e osso. Bom papo, confluências de opiniões e trajetória de vida (inclusive ele já morou em Volta Redonda!). Acho que a parceria será longa e atravessará outros trabalhos.

Grande Biajoni! Um forte abraço, amigo.

Faça o Download Gratuito de "Sexo Anal" aqui

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O bigode vai ou fica?

Fato ocorrido no sertão de Pernambuco, anos 30.

O coronel e seu belo bigode entram na barbearia com barba de 10 dias por fazer e ordena: "- Quero minha cara lisa e rente feito pele de cereja. Vou na festa de 15 anos de minha afilhada."

O barbeiro olha o amontoado de pêlos e fica na dúvida: "Escanhoarei tudo ou o bigode ficará no rosto?". Pergunta: "- O bigode vai ou fica?"

Pensando como chegará na festa, o coronel responde : "- É claro que o bigode vai!" O barbeiro não titubeia e lhe rapa fora o estimado adorno facial.

E a parabellum berrou três vezes para deixar mais uma viúva no sertão.

domingo, 5 de julho de 2009

A tal da meia

Uma das práticas mais hipócritas que há no Brasil é a meia-entrada. Simplesmente porque não existe a meia-entrada, o que existe é o ingresso inteiro e o dobro. Eu, como não tenho carteira falsa, pago o dobro quando vou ao cinema e talvez por isso vá cada vez menos.

Corrijam-me se eu estiver errado, mas por aqui se vende de 80 a 90 milhões de ingressos ao ano, comprados por 10 milhões de brasileiros das classes A e B. Esses números não mudaram quase nada nos últimos tempos, ou seja, o brasileiro não vai ao cinema tanto quanto deveria para acompanhar o crescimento da economia. Dizem alguns especialistas que a maior parte da culpa é do custo do evento social "pegar um cineminha" que, numa estimativa modesta, engloba estacionamento ou táxi, ingressos, pipoca e lanche no Mac'Qualquer'Coisa pós-sessão.

Uma observação: cito somente o cinema porque é a área que mais me afeta, mas também podemos estender ao teatro, shows, museus, etc.

Eu defendo com unhas e dentes o acesso do estudante a todos os bens culturais do país, e a velha e boa "meia" foi uma solução correta num determinado momento. Hoje, passados todos esses anos e cheias de vícios, ela pode ser sim um dos motivos do alto custo do ingresso. O governo deveria convocar a UNE, a UBES e os representantes dos exibidores, distribuidores e produtores para discutir e resolver logo essa parada. E eu faço uma proposta: Circuito Universitário Brasileiro.

Cada campus universitário do pais, público ou privado, teria um auditório totalmente adaptado para se tornar uma sala de cinema com um bom projetor, bom sistema de som dolby e pipoca na porta, onde os preços já seriam 50% do valor de mercado.

Imaginem uma cidade onde o ingresso inteiro custe R$ 20,00. Com o fim da meia entrada, o preço deveria cair para R$ 15,00, e o Circuito Universitário cobraria R$ 7,50. Ou seja: todo mundo sai ganhando. (Parágrafo acrescentado após o comentário da Tamara).


De onde viria o dinheiro pra isso? De um percentual do preço do ingresso ou da remessa de lucro ao estrangeiro (sei lá quanto, 5%, 10%). Em troca, apenas depois que esse circuito estivesse devidamente instalado e funcionando (só promessa não vale), acabaria a meia-entrada para estudantes maiores de 14 ou 16 anos.

Tenho certeza que meia duzia (ops! um dúzia inteira, vai) de economistas, advogados e representantes da classe chegariam a números precisos para dimensionar esse projeto. Quem sabe um projeto como esse não dobra o número de ingressos vendidos no país em pouquíssimo tempo? Vale a pena tentar.

Renata Brito me mandou o link de uma matéria no UOL Notícias sobre o assunto.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Palhaço Não Pode

Ando sem tempo para escrever por aqui. "Não pode, não pode".

Quando eu era criança, 7 ou 8 anos, eu estudava num pequeno colégio católico em Volta Redonda, o Nossa Senhora de Fátima. Hoje acho que essa escolinha era destinada aos filhos dos operários menos graduados, - "Não pode, não pode" - porque havia dois outros grandes colégios, também católicos, onde estudavam os filhos de engenheiros, médicos e técnicos chefes de departamento: o Macedo Soares para meninos e o Nossa Senhora do Rosário para meninas.

Um dia houve uma apresentação de uma trupe de saltimbancos, entre eles o palhaço Não Pode, que brincava com as crianças usando um bordão que até hoje me acompanha: "Não pode, não pode".

Você quer um sorvetinho? Quero! Não pode, não pode. Você gosta de futebol? Sim!
Não pode, não pode.


Já repararam que na vida há pessoas que só dizem "
Não pode, não pode"? Que coisa mais triste.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson, Schopenhauer e o Rex

Não dá para ficar de fora desse papo.

Ontem, no Bar Rex, o novo "velho" ponto da intelligentzia de Ipanema, senta um cara na nossa mesa e grita: "Um brinde a Michael Jackson, que foi a maior representação fenomênica da vontade em toda a História!!!".

Silêncio de 20 segundos e alguns goles de chope. Uns pensam: "Xi, mais um mala"; eu penso: "Que catzo esse maluco está querendo dizer?"

Então me lembro dos meus 9 anos, quando sabia de cor a música de abertura do Globo Cor Especial: "Não existe nada mais antigo do que caubói que dá cem tiros de uma vez... Nanãninãná noninãninãná, do zig-pow, do cinto de inutilidades".

Um dos desenhos do progrma era Os Jackson Five. E lá estava ele: o Michael, um moleque igual a mim, que vivia aventuras eletrizantes e fazia tudo que eu tinha vontade. "É isso!", disse eu, "Já sei porque Michael Jackson, junto com Kung Fu, foi uma das maiores representações fenomênicas da vontade da minha História!". E contei minha descoberta aos presentes.

O recém chegado me olha indignado a princípio, depois irado. Revida: "Eu estou falando de Schopenhauer!". Emenda o olhar de subtexto: "Seu burro!".

Eu meço que ele deve ser um pouco mais velho do que eu. Boto o dedo na sua cara e digo: "E eu estou falando de quando eu era uma criança (e você também) que nunca tinha ouvido falar em Schopenhauer (e você também não) e eu já sabia que Michael Jackson era a maior representação fenomênica da vontade da História. Burro é você!!".

Silêncio de 30 segundos. O sujeito pega seu copo de chope e vai fazer outro brinde a Michael Jackson em outra mesa.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pedro Almodóvar

Muita gente compara meu trabalho com o de Pedro Almodóvar. Ao ver a versão atual (sem edição de som e mixagem) de Elvis'e'Madona, muitos dizem: "Parece um filme do Almodóvar".

Isso vem desde os tempos em que só existia o roteiro, e - confesso - eu ainda sinto um misto de orgulho por me colocarem ao lado de um sujeito genial, e de incômodo por não querer levar a pecha de imitador. Tanto é que fiz questão de não ver seus filmes por uns bons três anos antes de filmar. Foi uma espécie de quarentena almodovariana. Mas eu adoro os filmes do cara.

Talvez seja porque os personagens que me interessam na vida sejam primos ou irmãos dos que são retratados com maestria por elle: o marginal, o desajustado, a puta, o louco, o mendigo, o aleijado, a travesti, o endividado, ou seja, todo aquele que a gente comum muda de calçada quando encontra na rua.

Por exemplo, em 1979, quando tinha 16 anos de idade, fiz meu primeiro filme em Super 8, Nervos de Aço, que era um documentário sobre um metalúrgico desempregado que tornou-se um favelado e estava envolvido na disputa judicial de um terreno ocupado que pertencia à Prefeitura de Volta Redonda.

Em 1983, eu ainda cursava Economia na UERJ e estava preenchendo os formulários do que seria o meu primeiro curta-metragem em 16 MM: Anjos Augustos, uma ficção de horror sem diálogos cujo personagem central era um coveiro solitário; em off, haveria a locução de versos de Augustos dos Anjos. Porém, quando estava preste a inscrever o projeto na Embrafilme, mudaram as regras (ou mudou a diretoria, sei lá) e cancelaram as inscrições. Ainda tenho o roteiro datilografado nos meus arquivos e - quem sabe? - talvez realize um dia.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cortaram meu gás!

Um funcionário da empresa cortou o meu fornecimento de gás hoje à noite. Será alguma retaliação de Evo Morales? Mas o que foi que eu fiz? Será que a boa onda do cinema nacional não chega aos autores independentes?



O motivo mais provável é a conta de R$ 22,97 que está em atraso.
Amanhã de manhã, depois do estimulante banho frio matinal e do excelente café de micro-ondas, vou tentar resolver.
Isso se a tesoura da companhia telefônica não chegar antes.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Há bares que vêm para o bem

Esse era o nome de um projeto de um grupo de artistas mineiros (não lembro se de Belo Horizonte ou de que cidade), ligados ao Partidos dos Trabalhadores nos anos 80. Bons anos de militância política foram a época da fundação do PT, movimento secundarista, grêmios clandestinos em Volta Redonda... bom, esse é outro assunto.

Mas "Há bares que vêm para o bem" bem que poderia ser o nome da série que meu amigo Carlos Mossy está propondo fazer sobre os bares do Rio de Janeiro. Ontem, quinta-feira 18, assisti o longa que dará origem à série, O Garota de Ipanema, com depoimentos - divertidíssimos uns, emocionados outros - de Hugo Carvana, Mieli, Fausto Wolf (em seu último registro), Jairzinho... putz, não dá pra citar todo mundo.

Porém, guardo um parágrafo pro Jaguar, a quem ontem tive o prazer de conhecer pessoalmente e trocar idéias durante o debte seguinte ao filme. Simplesmente genial, arguto e rápido no gatilho. Se me permitisse uma intimidade, ousaria chamá-lo de Kid Jaguar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Caramelo

Instigado por Carlos Alberto de Mattos, fui investigar Nadine Labaki na internet. Descobri, como disse um visitante do "...rastros", “uns olhos que cabem o mundo”. Resolvi ver Caramelo.




Fui ontem, domingo, no Shopping da Gávea, sessão das 19:50, horário nobilíssimo. Cheguei com hora de adianto, mas quase sou obrigado a sentar nas poltronas de avião da primeira fileira: mais de 90% dos ingressos vendidos. Fiquei me perguntando qual é a taxa de ocupação média das salas de cinema? Decidi tomar um café.


Com a fila do caixa com mais de 20 pessoas e o balcão lotado, fui na padaria da Marquês de São Vicente. Aproveitei a rua e comprei três tubos de jujuba por R$ 1,89 nas Lojas Americanas - além de fumar quatro cigarros, é claro.


Às 19:40 subi e fui o primeiro a sentar. Em poucos minutos a sala encheu e a sessão começou no horário. O de sempre: propaganda, trailler, propaganda, trailler, propaganda, filme. Boa projeção, mesmo que digital. Por que o ingresso de filme digital é o mesmo preço de 35MM? O custo do distribuidor não é bem menor com cópias, fretes e manutenção? Por que não dividir um pouco com o consumidor esse lucro extra das novas tecnologias?


Enfim, o filme. Se não me falha a memória, foi produzido com recursos do governo do Líbano, do Fond Sud, do CineFoundation e outros, ou seja, um excelente B.O. libanês. Simples, belo, sensível e doce. Doce como caramelo. E bem filmado, com técnica e com arte.


Acima de tudo, Caramelo tem Nadine Labaki atrás, na frente, em cima, embaixo e entre.



Mas o que me ficou do filme até agora, 18 horas depois de tê-lo visto, é um grito silencioso de uma parte da sociedade libanesa que deseja mudanças culturais, mas ao mesmo tempo aprende a ser feliz com a vida que há. Nenhuma rebeldia cultural, apenas um longo e aliviante suspiro feminino cristão. Afinal, estamos falando de uma cultura que é o berço de quase todas as demais e de uma região onde surgiram o judaísmo, o cristianismo e o muçulmanismo. Talvez por isso, mudanças culturais não sejam tão banalizadas quanto as que estamos acostumados a ver.





sexta-feira, 12 de junho de 2009

Victor Biglione e Cássia Eller

Julho de 1997, Hotel Copacabana Palace. Manhã seguinte à exibição do Vox Populi na tela de praia do Riocine Festival para mais de 2 mil pessoas. Na varanda do hotel, estou curtindo onda ao lado de Renato Padovani que, além de fraterno amigo, é fotógrafo do filme. Chega um cara, cumprimenta o Padova e me diz: "Meu irmão, teu filme é foda!". Esse cara é Victor Biglione, de quem fiquei amigo desde então e estamos fazendo o terceiro filme juntos.

Alguns anos depois, desta feita na madrugada da Lapa comendo cabrito no Nova Capela com a turma de pernambucanos (Claudão, Lírio & Cia). Chegam uns músicos pra fazer outro mesão, entre eles Cássia Eller. As mesas de alguma forma se aproximam e, lá pelas tantas, estou falando com Cássia: "Vou fazer um filme chamado Elvis e Madona. Você quer gravar Love Me Tender pra trilha do filme?". "Claro que sim!", diz ela.

Então hoje eu encontro esse vídeo no Youtube.



É uma pena que a gente não tenha feito essa gravação.

domingo, 7 de junho de 2009

Reflexões antropológicas - Fecundação

Idéia é que nem porra: são mihões, mas só algumas sobrevivem.

Reflexões antropológicas - O Macaco

"Macaco que não tem saco grande, não trepa."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Kung Fu morreu.

Puxa, acabei de ler a notícia de que o ator David Carradine morreu em Bangoc, Tailândia. Especula-se sobre suicídio por enforcamento.

Quando eu estudava interno no Colégio Militar de Belo Horizonte, em 1974 e 75, éramos obrigados a dormir às 22hs, exceto às quartas-feiras, quando a Globo exibia a série "Kung Fu" no horário nobre das dez.

A sala de TV do dormitório do CMBH era pequena para acomodar os 150 meninos de 10 a 15 anos, todos alunos das 4ª e 5ª séries da minha época - hoje são 5º e 6º Anos respectivamente, mas antes de mim eram os 1º e 2º Ginasiais.



No seriado, Carradine vivia um chinês fugitivo que circulava pelo Velho Oeste americano. Ele havia sido preso sei lá porque e escapou de um contingente de trabalho forçado que construía ferrovias. Cada episódio tinha um conflito entre o bem (ele, é claro) e o mal, cuja solução vinha de lembranças (flash-backs) dos ensinamentos de seu mestre xaolim (cego, diga-se de passagem).

O mestre chamava o menino David pela carinhosa alcunha de "Gafanhoto" e o submetia às maiores roubadas para viver e aprender. A derradeira delas, pela qual ele ganharia as cobiçadas marcas de dragão nos braços, era carregar um caldeirão de mais de 200 quilos de brasas ardentes (clique na foto acima para ver a abertura do seriado no Youtube).

Todos nós queríamos ser o Gafanhoto. Havia brigas de socos, pontapés, bandas e rasteiras por causa disso, com horário e local marcado, lutas acompanhadas de platéia seleta. Acho até que havia apostas de chicletes ou cigarro a varejo. Mas isso é outro assunto.

Pista do Aeroporto Santos Dumont

Quem caminhou, caminhou.
Quem não caminhou, não caminha mais.

São os custos da modernidade.
Agora o trajeto aeroporto/avião é feito por ônibus.

Eu acho uma pena, porque aquela caminhada de 100 ou 200 metros, mesmo em dias de chuva, sempre me fazia sentir como Humphrey Bogart em Casablanca.





Obs: Procurei por fotos de pessoas caminhando na pista para embarcar / desembarcar e não encontrei. Alguém se habilita?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Elza, Elvis e Madona

Provavelmente este é o único registro de Elza Soares cantando uma música pela primeira vez.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Riofilme

Parece que agora a Riofilme vai ter que se pagar para existir.
Ou seja, ou esta empresa pública gera lucros ou fecha.
Imagina se a moda pega, hem?
Imagina colégio, hospital e abrigo para mendigo tendo de gerar lucro para sobreviver.

Até tu, Obama?

Obama aprendeu com Hugo Chavez.
Estatizar a GM foi um golpe de mestre.

domingo, 31 de maio de 2009

Simone Spoladore




Ela disse: "que foto fofa..."

sábado, 30 de maio de 2009

Yanko del Pino - Steady Cam Caseiro

Eu fui à casa de Yanko del Pino, um cara genial, de quem sou amigo desde que vi e gostei do seu filme, Retratos e Borboletas. De lá pra cá, temos nos encontrado muito eventualmente, mas já ensaiamos dois trabalhos juntos.

Primeiro foi no Fúria, onde Yanko me salvou ajudando na pietagem e subtitulagem do curta para inglês, francês e espanhol.

Depois, num acesso de ideiite aguda (doença crônica e perigosa causada pela circulação incontinente de idéias) , foi num falso-documentário-animação com e sobre José Dirceu, que, apesar dos e-mail trocados com o próprio Zé, nunca saiu das conversas. Mas quem sabe um dia?

Mas olhem nossa conversa sobre processos alternativos de captação de imagem e som com celular. Parece assunto de Professor Pardal.



Por favor, quem não ouviu o Yanko dizendo "O que é que eu vim fazer aqui, mesmo, Marcelo?", rebobine e veja o vídeo novamente. É impagável.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Kenia e Keila

Lindas. Amigas. Viemos do mesmo planeta.

sábado, 16 de maio de 2009

Elvis'e'Madona e os jovens

Elvis'e'Madona é um filme também para adolescentes e jovens, principalmente meninas.
A personagem Elvis fala diretamente com esse público e suas angústias são as mesmas: momentos de decisão, romper o cordão umbilical com os pais, pular no mundo com os próprios para-quedas.

Sinto isso muito claramente nas observações feitas por minhas assistentes-estagiárias Marina Polo e Mariana Serrão.

Se Você Morrer

Diálogo entre Tuinho e eu:

MARCELO - O que acontece se eu ou você morrermos?
TUINHO - Se você morrer eu vou ter que finalizar, porque senão meus filhos vão pagar a conta.
MARCELO - E se você morrer eu vou ter que finalizar, porque senão seus filhos vão pagar a conta.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Marianne Faithfull



Mandei um e-mail totalmente sem esperanças para Marianne Faithfull pedindo uma canção para Elvis'e'Madona. Surpreendentemente, ela respondeu: "Sim".

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Elza Soares



Elza Soares é uma estrela.
Estive com ela a pouco para mostrar a canção tema.
Ela adorou, e vai ver o filme agora.
Acho que vai gostar também.

domingo, 10 de maio de 2009

ALMODOVAR


Muita gente compara meu filme com Almodovar. Eles ainda não sabem como me apresentar. Ou talvez meus filmes tenham travestis, viciados, mendigos, enfim, vários personagens que também circulam nos filmes do madrilheno.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Que filme é esse?




Elvis'e'Madona por enquanto é só um filme. Mas eu acho que vamos fazer uma mais que isso. Acho que estamos fazendo um pouco da história e da cultura de 2010.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lanlan 2


Lanlan é uma das pessoas mais doces que conheci em toda a minha vida.
Quero ser amigo dessa mulher para sempre.

sábado, 25 de abril de 2009

O meste Nelson


Estou indo todo prosa mostrar o filme pra Nelson Pereira dos Santos, em sua casa.
Na volta, notícias.

Tem um cara querendo faze Sexo Anal comigo

Vejam o que ele diz em:
http://www.amalgama.blog.br/04/2009/moral-da-historia-entrevista-com-luiz-biajoni/

Lan Lan

Há dois dias eu ouvi a voz feminina ao telefone mais linda da minha vida: a voz da Lanlan.

Eu nunca tinha ouvido uma voz que fosse doce, clara, objetiva, lúcida, sensual, jovial, no volume certo, decidida, inteligente, perspicaz, enfim, tudo o que você sempre quis ter numa voz feminina ao telefone.

Bem, vamos ver se de perto continua a mesma, não é?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pesquisa sobre aberturas

Estou pensando na abertura do Elvis'e'Madona, coisa que todo realizador faz quando está a seis meses da primeira cópia de exibição. Que fonte usar, que cor de fonte, que tamanho, que horas vai entrar o primeiro crédito? E a música? Bem, esta é uma das fases mais prazerosas de um filme.

A sorte do diretores da minha geração em diante é que temos a internet e o youtube como o grande depositário das experiências humanas. É que lá que você encontra de tudo que quiser, sem precisar sair de casa.

Bem, voltando à abertura, das que vi no youtube, até agora, essa é a melhor.



Do filme Gator, anos 80, letras grandes, ritmo certo com a fotografia e a música, edição de som perfeita (dá pra sentir o barulho do helicóptero), enfim, uma abertura e tanto.


terça-feira, 21 de abril de 2009

PUTA ALEMÃ
Música para cabaré alemão, anos 30
(MARCELO LAFFITTE)

Em dias de chuva assim,
Quando as ruas ficam vazias
E eu perco ganha-pão,
Eu me pergunto:
O que estou fazendo aqui?

Era moça de família,
Coquete, espartilho, missa ao domingo.
E veio guerra, fome, peste, tudo.
Tudo antes do primeiro amor.
O que estou fazendo aqui?

De tanto chorar
De tanto chorar
Na ponta do cais
Lágrimas ao mar
O que estou fazendo aqui?

Não posso entrar no Chico.
Não paguei a meia média.
O João, meu cafetão,
Já me deu um avançado.
O que estou fazendo aqui?

Saudades da mãezinha,
Cortar unha no quintal,
Passar mão na orelha,
Ferro de engomar no cobertor.
O que estou fazendo aqui?

De tanto chorar
De tanto chorar
Na ponta do cais
Lágrimas ao mar
O que estou fazendo aqui?

Mas a chuva vai passar
E outro dia começar.
Vou voltar para o meu cais
Um grande amor conhecer.
Ele vai chegar ali?

Sim, chegará, pode crer.
Casa de vila, São Cristóvão,
Flor na varanda, bonde na porta.
Filhos no pé, vida feliz.
O que estou fazendo aqui?

De tanto chorar
De tanto chorar
Na ponta do cais
Lágrimas ao mar
O que estou fazendo aqui?

Série Amigos - Epsódio 01 - Bigode



Luiz Carlos Lacerda, o Bigode.

Conheci o Bigode há muitos anos, na produção do Bete Balanço, um super filme que tem um texto só pra ele. Mas no Bete eu fazia assistência para a Tizuka, que fazia a Produção Executiva, de uma equipe de não mais que 20 pessoas ao todo. Isso contando desde o diretor até o motorista do ônibus de figurino.

Já no fim das filmagens, o Bigode foi fazer uma visita aos seus amigos Cacá, Yurica & Cia, e me conheceu carregando três engradados de Soda Limão ao mesmo tempo. Então ele me chamou para fazer parte da equipe de produção de “O Rei do Rio” (Fábio Barreto, LCBarreto), que começaria a rodar dali a dois meses; e eu fui. Acabei primeiro integrando a equipe carioca do “Além da Paixão”, do Bruno Barreto, onde substitui a assistente de produção Sara Silveira, que havia tido um acidente de automóvel.