quinta-feira, 23 de julho de 2009

Duse querida...

Espero que essa cartinha lhe encontre numa "muito boa". E você sabe baseado em quê estou dizendo isso, não sabe?

Há muito quero te encontrar, telefonar, escrever e-mail, mandar sinais fumaça, qualquer coisa pra "te sintonizar", como diriam os Titãs. Só pra matar as saudades e falar sobre a participação genial que você fez no Elvis'e'Madona.

É tão danada de boa que quase me trouxe um problemão: a gargalhada geral das platéias encobria os diálogos seguintes e ninguém escutava o que os outros personagens diziam. Mas não se preocupe porque isso eu resolvi na montagem. E já que sou homem de matar a cobra e mostrar o pau, também quero que você assista o filme, que é pra não ficar achando que estou de bajulação barata.

Uma vez João Gilberto Noll me disse: "Minha obra não é autobiográfica, mas também não veio do nada". Digo isso porque preciso lhe confessar outra coisa: a Vovó Jura que você interpretou é, na verdade, a minha Vovó Rosa. (...) Pronto, falei!
Talvez por isso eu tenha ficado um pouco frustrado quando você apareceu no set para filmar - acho até que você percebeu meu grilo. Eu pensei: "Minha avó era uma anciã! Como é que a Duse me aparece toda gatinha e serelepe?!" Lembra do corre-corre? Bota maquiagem, bota peruca, tira peruca. Xi, o diretor não gostou... Ufa.

Meu problema é que eu não queria dar bandeira, mas, muito cá entre nós, eu estava buscando lá no fundo da alma uma forma de homenagear a minha vózinha do coração. E, graças a você, querida, conseguimos. Não acredita? Olha ela aí.

Levou susto?! Eu também levei. Mas, psiu, tá bom? Quase ninguém sabe disso, só a Mariana, minha irmã Juliette e meu cunhado italiano, o Lucca.




Ah, só pra terminar, prometo que ainda este ano vou escrever o roteiro de "Virginia e as Virginetes". Virgínia Lane vai adorar a idéia e vamos arrasar com nossa trupe de estrelas "decadentes" viajando pelo Brasil dos anos 60. Sei que eu já disse isso antes, mas você sabe como são os roteiros, não sabe? São eles que escrevem a gente.

Beijos, minha linda. E fique com Deus.

6 comentários:

Carlos Alberto Mattos disse...

Que o correio metafísico não falhe.

Unknown disse...

Duse Nacaratti... de Cataguases...
Quanto tempo não vejo a Duse, desde os tempos de produção do Chico Anysio e da Travessa Pepe, com meu saudoso amigo Duto.
Duse, onde anda você?
Marcelo, que legal saber que vc chamou a Duse para fazer sua avó"!!!!!! Quero ser convidada para a pré desse filme, estou curiosa...beijos

Marcelo Laffitte disse...

Puxa, Marcia.
Sinto lhe dizer, mas a Duse não está mais entre nós.
Beijos e paz.

Juliette Laffitte disse...

Gostei muito do que vc escreveu!!!
E como sou privilegiada de ja haver visto o filme, mesmo sem Duse saber, interpretou direitinho nossa querida e saudosa vozinha!!!
Que DEUS, as tenha! Muito elas terao pra conversar sobre vc!!!
Um bjo com muito carinho, mano!

Maria Mar disse...

Que texto lindo, Marcelo! Emocionei.

Marfiza de França disse...

Lindo texto Marcelo, emocionante! É por essas e outras sementes plantadas, que se colhe frutos tão bons. Parabéns pelos prêmios no Festival de Natal. É só o começo! Beijos e muita sorte. Que venham mais roteiros inspirados.