sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson, Schopenhauer e o Rex

Não dá para ficar de fora desse papo.

Ontem, no Bar Rex, o novo "velho" ponto da intelligentzia de Ipanema, senta um cara na nossa mesa e grita: "Um brinde a Michael Jackson, que foi a maior representação fenomênica da vontade em toda a História!!!".

Silêncio de 20 segundos e alguns goles de chope. Uns pensam: "Xi, mais um mala"; eu penso: "Que catzo esse maluco está querendo dizer?"

Então me lembro dos meus 9 anos, quando sabia de cor a música de abertura do Globo Cor Especial: "Não existe nada mais antigo do que caubói que dá cem tiros de uma vez... Nanãninãná noninãninãná, do zig-pow, do cinto de inutilidades".

Um dos desenhos do progrma era Os Jackson Five. E lá estava ele: o Michael, um moleque igual a mim, que vivia aventuras eletrizantes e fazia tudo que eu tinha vontade. "É isso!", disse eu, "Já sei porque Michael Jackson, junto com Kung Fu, foi uma das maiores representações fenomênicas da vontade da minha História!". E contei minha descoberta aos presentes.

O recém chegado me olha indignado a princípio, depois irado. Revida: "Eu estou falando de Schopenhauer!". Emenda o olhar de subtexto: "Seu burro!".

Eu meço que ele deve ser um pouco mais velho do que eu. Boto o dedo na sua cara e digo: "E eu estou falando de quando eu era uma criança (e você também) que nunca tinha ouvido falar em Schopenhauer (e você também não) e eu já sabia que Michael Jackson era a maior representação fenomênica da vontade da História. Burro é você!!".

Silêncio de 30 segundos. O sujeito pega seu copo de chope e vai fazer outro brinde a Michael Jackson em outra mesa.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pedro Almodóvar

Muita gente compara meu trabalho com o de Pedro Almodóvar. Ao ver a versão atual (sem edição de som e mixagem) de Elvis'e'Madona, muitos dizem: "Parece um filme do Almodóvar".

Isso vem desde os tempos em que só existia o roteiro, e - confesso - eu ainda sinto um misto de orgulho por me colocarem ao lado de um sujeito genial, e de incômodo por não querer levar a pecha de imitador. Tanto é que fiz questão de não ver seus filmes por uns bons três anos antes de filmar. Foi uma espécie de quarentena almodovariana. Mas eu adoro os filmes do cara.

Talvez seja porque os personagens que me interessam na vida sejam primos ou irmãos dos que são retratados com maestria por elle: o marginal, o desajustado, a puta, o louco, o mendigo, o aleijado, a travesti, o endividado, ou seja, todo aquele que a gente comum muda de calçada quando encontra na rua.

Por exemplo, em 1979, quando tinha 16 anos de idade, fiz meu primeiro filme em Super 8, Nervos de Aço, que era um documentário sobre um metalúrgico desempregado que tornou-se um favelado e estava envolvido na disputa judicial de um terreno ocupado que pertencia à Prefeitura de Volta Redonda.

Em 1983, eu ainda cursava Economia na UERJ e estava preenchendo os formulários do que seria o meu primeiro curta-metragem em 16 MM: Anjos Augustos, uma ficção de horror sem diálogos cujo personagem central era um coveiro solitário; em off, haveria a locução de versos de Augustos dos Anjos. Porém, quando estava preste a inscrever o projeto na Embrafilme, mudaram as regras (ou mudou a diretoria, sei lá) e cancelaram as inscrições. Ainda tenho o roteiro datilografado nos meus arquivos e - quem sabe? - talvez realize um dia.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cortaram meu gás!

Um funcionário da empresa cortou o meu fornecimento de gás hoje à noite. Será alguma retaliação de Evo Morales? Mas o que foi que eu fiz? Será que a boa onda do cinema nacional não chega aos autores independentes?



O motivo mais provável é a conta de R$ 22,97 que está em atraso.
Amanhã de manhã, depois do estimulante banho frio matinal e do excelente café de micro-ondas, vou tentar resolver.
Isso se a tesoura da companhia telefônica não chegar antes.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Há bares que vêm para o bem

Esse era o nome de um projeto de um grupo de artistas mineiros (não lembro se de Belo Horizonte ou de que cidade), ligados ao Partidos dos Trabalhadores nos anos 80. Bons anos de militância política foram a época da fundação do PT, movimento secundarista, grêmios clandestinos em Volta Redonda... bom, esse é outro assunto.

Mas "Há bares que vêm para o bem" bem que poderia ser o nome da série que meu amigo Carlos Mossy está propondo fazer sobre os bares do Rio de Janeiro. Ontem, quinta-feira 18, assisti o longa que dará origem à série, O Garota de Ipanema, com depoimentos - divertidíssimos uns, emocionados outros - de Hugo Carvana, Mieli, Fausto Wolf (em seu último registro), Jairzinho... putz, não dá pra citar todo mundo.

Porém, guardo um parágrafo pro Jaguar, a quem ontem tive o prazer de conhecer pessoalmente e trocar idéias durante o debte seguinte ao filme. Simplesmente genial, arguto e rápido no gatilho. Se me permitisse uma intimidade, ousaria chamá-lo de Kid Jaguar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Caramelo

Instigado por Carlos Alberto de Mattos, fui investigar Nadine Labaki na internet. Descobri, como disse um visitante do "...rastros", “uns olhos que cabem o mundo”. Resolvi ver Caramelo.




Fui ontem, domingo, no Shopping da Gávea, sessão das 19:50, horário nobilíssimo. Cheguei com hora de adianto, mas quase sou obrigado a sentar nas poltronas de avião da primeira fileira: mais de 90% dos ingressos vendidos. Fiquei me perguntando qual é a taxa de ocupação média das salas de cinema? Decidi tomar um café.


Com a fila do caixa com mais de 20 pessoas e o balcão lotado, fui na padaria da Marquês de São Vicente. Aproveitei a rua e comprei três tubos de jujuba por R$ 1,89 nas Lojas Americanas - além de fumar quatro cigarros, é claro.


Às 19:40 subi e fui o primeiro a sentar. Em poucos minutos a sala encheu e a sessão começou no horário. O de sempre: propaganda, trailler, propaganda, trailler, propaganda, filme. Boa projeção, mesmo que digital. Por que o ingresso de filme digital é o mesmo preço de 35MM? O custo do distribuidor não é bem menor com cópias, fretes e manutenção? Por que não dividir um pouco com o consumidor esse lucro extra das novas tecnologias?


Enfim, o filme. Se não me falha a memória, foi produzido com recursos do governo do Líbano, do Fond Sud, do CineFoundation e outros, ou seja, um excelente B.O. libanês. Simples, belo, sensível e doce. Doce como caramelo. E bem filmado, com técnica e com arte.


Acima de tudo, Caramelo tem Nadine Labaki atrás, na frente, em cima, embaixo e entre.



Mas o que me ficou do filme até agora, 18 horas depois de tê-lo visto, é um grito silencioso de uma parte da sociedade libanesa que deseja mudanças culturais, mas ao mesmo tempo aprende a ser feliz com a vida que há. Nenhuma rebeldia cultural, apenas um longo e aliviante suspiro feminino cristão. Afinal, estamos falando de uma cultura que é o berço de quase todas as demais e de uma região onde surgiram o judaísmo, o cristianismo e o muçulmanismo. Talvez por isso, mudanças culturais não sejam tão banalizadas quanto as que estamos acostumados a ver.





sexta-feira, 12 de junho de 2009

Victor Biglione e Cássia Eller

Julho de 1997, Hotel Copacabana Palace. Manhã seguinte à exibição do Vox Populi na tela de praia do Riocine Festival para mais de 2 mil pessoas. Na varanda do hotel, estou curtindo onda ao lado de Renato Padovani que, além de fraterno amigo, é fotógrafo do filme. Chega um cara, cumprimenta o Padova e me diz: "Meu irmão, teu filme é foda!". Esse cara é Victor Biglione, de quem fiquei amigo desde então e estamos fazendo o terceiro filme juntos.

Alguns anos depois, desta feita na madrugada da Lapa comendo cabrito no Nova Capela com a turma de pernambucanos (Claudão, Lírio & Cia). Chegam uns músicos pra fazer outro mesão, entre eles Cássia Eller. As mesas de alguma forma se aproximam e, lá pelas tantas, estou falando com Cássia: "Vou fazer um filme chamado Elvis e Madona. Você quer gravar Love Me Tender pra trilha do filme?". "Claro que sim!", diz ela.

Então hoje eu encontro esse vídeo no Youtube.



É uma pena que a gente não tenha feito essa gravação.

domingo, 7 de junho de 2009

Reflexões antropológicas - Fecundação

Idéia é que nem porra: são mihões, mas só algumas sobrevivem.

Reflexões antropológicas - O Macaco

"Macaco que não tem saco grande, não trepa."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Kung Fu morreu.

Puxa, acabei de ler a notícia de que o ator David Carradine morreu em Bangoc, Tailândia. Especula-se sobre suicídio por enforcamento.

Quando eu estudava interno no Colégio Militar de Belo Horizonte, em 1974 e 75, éramos obrigados a dormir às 22hs, exceto às quartas-feiras, quando a Globo exibia a série "Kung Fu" no horário nobre das dez.

A sala de TV do dormitório do CMBH era pequena para acomodar os 150 meninos de 10 a 15 anos, todos alunos das 4ª e 5ª séries da minha época - hoje são 5º e 6º Anos respectivamente, mas antes de mim eram os 1º e 2º Ginasiais.



No seriado, Carradine vivia um chinês fugitivo que circulava pelo Velho Oeste americano. Ele havia sido preso sei lá porque e escapou de um contingente de trabalho forçado que construía ferrovias. Cada episódio tinha um conflito entre o bem (ele, é claro) e o mal, cuja solução vinha de lembranças (flash-backs) dos ensinamentos de seu mestre xaolim (cego, diga-se de passagem).

O mestre chamava o menino David pela carinhosa alcunha de "Gafanhoto" e o submetia às maiores roubadas para viver e aprender. A derradeira delas, pela qual ele ganharia as cobiçadas marcas de dragão nos braços, era carregar um caldeirão de mais de 200 quilos de brasas ardentes (clique na foto acima para ver a abertura do seriado no Youtube).

Todos nós queríamos ser o Gafanhoto. Havia brigas de socos, pontapés, bandas e rasteiras por causa disso, com horário e local marcado, lutas acompanhadas de platéia seleta. Acho até que havia apostas de chicletes ou cigarro a varejo. Mas isso é outro assunto.

Pista do Aeroporto Santos Dumont

Quem caminhou, caminhou.
Quem não caminhou, não caminha mais.

São os custos da modernidade.
Agora o trajeto aeroporto/avião é feito por ônibus.

Eu acho uma pena, porque aquela caminhada de 100 ou 200 metros, mesmo em dias de chuva, sempre me fazia sentir como Humphrey Bogart em Casablanca.





Obs: Procurei por fotos de pessoas caminhando na pista para embarcar / desembarcar e não encontrei. Alguém se habilita?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Elza, Elvis e Madona

Provavelmente este é o único registro de Elza Soares cantando uma música pela primeira vez.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Riofilme

Parece que agora a Riofilme vai ter que se pagar para existir.
Ou seja, ou esta empresa pública gera lucros ou fecha.
Imagina se a moda pega, hem?
Imagina colégio, hospital e abrigo para mendigo tendo de gerar lucro para sobreviver.

Até tu, Obama?

Obama aprendeu com Hugo Chavez.
Estatizar a GM foi um golpe de mestre.