quarta-feira, 15 de julho de 2009

Não peçam de graça a única coisa que tenho para vender.

Hoje recebi um e-mail da FAC. Tomei um susto. (*)
O assunto era Projeto Curta. Fiquei curioso.
A primeira frase era: "Nós do cinema FAC estamos com um projeto que visa a exibição de curtas antes das sessões normais."
Quase caí da cadeira.

Li atento e descobri que FAC no caso era a Fundação Assisense de Cultura, ligada à Secretaria de Cultura do município de Assis, na Rua Brasil. Não, o assinante não se chama Giba. (Um abraço ao meu amigo Giba Assis Brasil.)

Transcrevo a íntegra:
"Nós do cinema FAC estamos com um projeto que visa a exibição de curtas antes das sessões normais. Gostaríamos de saber qual a disponibilidade o curta Fúria para exibição. O Cinema FAC é situado na cidade de Assis e conta com cerca de 630 lugares."

Respondi:
"Primeiro, parabéns pela iniciativa. Não sei se você sabe, mas existe uma lei que obriga a exibição de curtas antes dos longas, e eu sou um dos maiores defensores da aplicação desta lei. Então, coloco meus curtas à sua disposição."

Veio a tréplica:
"Fico feliz que tenha gostado do projeto.Então, para a exibição temos o projetor de 35mm, porém estamos passando os curtas em DVD, pois temos só um projetor.O que eu precisaria que vc fizesse pra mim é o seguinte. Me encaminha-se junto ao DVD um termo de exibição do Fúria, constando nome, CPF e RG. Estamos com esse projeto no intuito de divulgar e fomentar a exibição dos curtas, assim sendo faríamos uma troca. Nós exibiremos os curtas e não teríamos custo sobre ele."

Fico pensando: o sujeito ganha um salário mensal e o chefe dele também. O secretário de cultura de Assis ganha seu salário e o prefeito também. O cinema da FAC cobra ingresso e a maioria dos filmes é de Hollywood (leia o blog com a programação da FAC). Por que cargas d'água seria eu o único a não receber um centavo pelo meu trabalho e, pior, terei de pagar por isso?!

Então faço minha a frase dita por Cacilda Becker.

(*) FAC é a sigla do Fórum do Audiovisual e do Cinema, uma associação surgida em 2004 de uma divisão do Congresso Brasileiro de Cinema, formada por setores do "cinemão" (grandes produtores, exibidores e distribuidores estrangeiros), contrários à criação da ANCINAV.

7 comentários:

Renata B disse...

sessões normais? putz! rs
o valor cultural do curta deve se reconhecido, valorizado em todos os sentidos. fomentar não é apenas exibir, é gerar receita pros realizadores, girar a economia desse mercado. abraço, adorei o post.

Tecelã disse...

Tal como você, caro corsário, tbm fiquei toda animadinha quando comecei a ler o texto. Não que eu faça curtas (ainda não), mas os curto, e muito.
E salve Cacilda Becker.
abçs

Carlos Alberto Mattos disse...

Pelo jeito, os caras de Assis pensam tão mal quanto escrevem...

Marcelo Laffitte disse...

Esse caso de Assis é só mais um, ou melhor, foi só o último. Daqui a pouco aparecem outros.
Fico tentando achar que eles não fazem por mal, mas, como diz o dito, de boas intenções o inferno está cheio.
Mas parte dessa responsabilidade é nossa, porque tem muito curta-metragista que literalmente paga para ver seus filmes exibidos em qualquer lugar.

Anônimo disse...

Marcelo, eles não devem ter feito por mal. Acho que poderiam chegar a um acordo, abrindo assim as portas para futuras produções.
Abraços, Daniel.

Marcelo Laffitte disse...

Daniel.
Eu tentei argumentar e fazer outra proposta justa para todos nós. Mas o argumento que voltou foi que a FAC é uma associação sem fins lucrativos. Fazer o quê?
Abrs,

Anônimo disse...

É isso aí... O grande problema é que, certamente, eles irão conseguir quem libere a exibição como 'permuta', ou seja, sempre alguém, com o intuito de divulgar seu trabalho, vai contribuir pra desvalorização da arte..