quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pedro Almodóvar

Muita gente compara meu trabalho com o de Pedro Almodóvar. Ao ver a versão atual (sem edição de som e mixagem) de Elvis'e'Madona, muitos dizem: "Parece um filme do Almodóvar".

Isso vem desde os tempos em que só existia o roteiro, e - confesso - eu ainda sinto um misto de orgulho por me colocarem ao lado de um sujeito genial, e de incômodo por não querer levar a pecha de imitador. Tanto é que fiz questão de não ver seus filmes por uns bons três anos antes de filmar. Foi uma espécie de quarentena almodovariana. Mas eu adoro os filmes do cara.

Talvez seja porque os personagens que me interessam na vida sejam primos ou irmãos dos que são retratados com maestria por elle: o marginal, o desajustado, a puta, o louco, o mendigo, o aleijado, a travesti, o endividado, ou seja, todo aquele que a gente comum muda de calçada quando encontra na rua.

Por exemplo, em 1979, quando tinha 16 anos de idade, fiz meu primeiro filme em Super 8, Nervos de Aço, que era um documentário sobre um metalúrgico desempregado que tornou-se um favelado e estava envolvido na disputa judicial de um terreno ocupado que pertencia à Prefeitura de Volta Redonda.

Em 1983, eu ainda cursava Economia na UERJ e estava preenchendo os formulários do que seria o meu primeiro curta-metragem em 16 MM: Anjos Augustos, uma ficção de horror sem diálogos cujo personagem central era um coveiro solitário; em off, haveria a locução de versos de Augustos dos Anjos. Porém, quando estava preste a inscrever o projeto na Embrafilme, mudaram as regras (ou mudou a diretoria, sei lá) e cancelaram as inscrições. Ainda tenho o roteiro datilografado nos meus arquivos e - quem sabe? - talvez realize um dia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom ler seu blog, parabéns Marcelo. Estamos ansiosos para o lançamento de Elvis e Madona.

turnes disse...

candidato a coveiro solitário!
primeiro!